Não aceite propostas que aumentem muito o valor total

Não aceite propostas que aumentem muito o valor total

Em cenários de gestão financeira, compras e contratos, decisões equivocadas podem gerar impactos negativos significativos. Entender quando recusar ou renegociar propostas com acréscimos excessivos é essencial para manter a sustentabilidade e o sucesso de qualquer organização.

Este artigo apresenta fundamentos, dados e estratégias para que você saiba exatamente como avaliar, comparar e, se necessário, recusar propostas que elevem demasiadamente o valor total, sempre com base em boas práticas e princípios legais.

Importância da avaliação detalhada dos valores e custos operacionais

Antes de qualquer decisão, é fundamental exigir transparência de custos adicionais. Isso significa que o fornecedor deve detalhar cada elemento do preço, incluindo frete, seguro, instalação e prazos de entrega.

Sem essa clareza, torna-se impossível fazer comparações efetivas entre diferentes propostas e identificar quais oferecem o melhor custo-benefício. Além disso, a falta de discriminação pode ocultar encargos futuros e comprometer o planejamento orçamentário.

Razões para não aceitar propostas com grandes aumentos no valor total

A tomada de decisões em licitações ou negociações privadas deve seguir princípios de equidade, razoabilidade e proporcionalidade. Quando uma proposta ultrapassa significativamente o valor inicialmente previsto, há diversos riscos envolvidos:

  • Competitividade afetada: o processo pode perder isonomia, atraindo apenas fornecedores dispostos a preços elevados.
  • Descaracterização do escopo original: o aumento exagerado tende a alterar o objeto do contrato, gerando insegurança jurídica.
  • Violação de limites legais: em licitações públicas, valores abusivos podem infringir normas sobre aditivos contratuais.

Negociar ou aceitar aumentos sem justificativas sólidas compromete não apenas a saúde financeira, mas também a credibilidade da organização em futuras concorrências.

Margem de erro e revisões viáveis

Revisões podem ocorrer, porém é importante respeitar faixas toleráveis que garantam previsibilidade e segurança:

O Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos recomenda uma margem de erro de até 5% para orçamentos executivos. Para anteprojetos, valores entre 10% e 15% de tolerância são considerados aceitáveis devido à menor precisão.

Qualquer solicitação de ajuste acima desses limites deve vir acompanhada de justificativas documentadas, que expliquem variações de matéria-prima, alterações no escopo ou mudanças regulatórias. Caso contrário, o pedido deve ser reavaliado ou recusado.

Estrutura recomendada em propostas comerciais

Para garantir que todas as etapas estejam claras, uma proposta completa deve conter itens essenciais:

  • Valor total detalhado e discriminado, com custos de frete, instalação e eventuais garantias.
  • Condições de pagamento, prazos de validade e política de descontos.
  • Política de trocas, ressarcimento e penalidades por descumprimento.
  • Cláusulas de confidencialidade e responsabilidade técnica, se aplicável.

Uma proposta bem estruturada facilita a comparação, evita mal-entendidos e reduz a probabilidade de custos ocultos serem adicionados no decorrer do contrato.

Estratégias de negociação

Definir limites claros antes de iniciar as conversas é a base de qualquer negociação bem-sucedida. Estabeleça internamente o percentual máximo de acréscimo aceitável e compartilhe esse valor apenas se necessário para conduzir a negociação.

Além disso, mantenha um processo completamente documentado e claro. Anote todas as propostas, contrapropostas e justificativas apresentadas. Isso serve tanto para referência futura quanto para auditorias internas ou externas.

Verifique sempre os preços de mercado atualizados. Caso o acréscimo proposto esteja acima da média, use dados de mercado como contraponto para renegociar ou recusar a proposta. Alocar corretamente os riscos contratuais também evita surpresas: identifique quais custos são previsíveis e quais representam situações extraordinárias.

Consequências de aceitar propostas com valor exagerado

A decisão de aprovar valores muito superiores ao orçamento estimado pode trazer prejuízos diretos e indiretos:

  • Risco de descumprimento: fornecedores sem capacidade financeira ou técnica podem falhar na entrega.
  • Sobrecarga no fluxo de caixa, prejudicando outros projetos e capacidade de investimento.
  • Imagem institucional abalada, gerando desconfiança de stakeholders e órgãos de controle.

Exemplos práticos e tabela de margens de erro

Para ilustrar como aplicar essas margens em situações reais, considere a tabela abaixo com as faixas recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos:

Outro exemplo prático envolve desconto em produtos. Suponha um item com custo de R$ 60 e preço de venda de R$ 100. Um desconto de até R$ 40 (40%) é visto como limite máximo razoável, considerando tributos e margem de lucro.

Descontos acima desse patamar podem indicar risco de insolvência do fornecedor ou impossibilidade de entrega conforme prometido.

Conclusão e melhores práticas

Resumindo, recusar ou renegociar propostas que aumentem muito o valor total é uma medida de proteção à sustentabilidade financeira e à integridade contratual.

Siga sempre estes pilares ao avaliar novas ofertas:

  • Exija total discriminação de custos e detalhes operacionais.
  • Respeite margens de erro aprovadas por entidades especializadas.
  • Documente todo o processo e fundamente alterações em dados concretos.

Ao adotar essas práticas, sua organização estará melhor preparada para tomar decisões sólidas, mantendo a confiança de parceiros, evitando riscos legais e assegurando o cumprimento dos objetivos iniciais de cada contrato.

Por Matheus Moraes

Matheus Moraes encontrou no universo financeiro a combinação perfeita entre paixão e propósito. Aos 23 anos, ele é redator do site avpvhs.com, onde compartilha conteúdos práticos e descomplicados sobre investimentos, cartões de crédito e serviços bancários. Seu objetivo é ajudar leitores a tomarem decisões financeiras mais conscientes e a construírem uma relação mais saudável e estratégica com o dinheiro.